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Governar para apenas 35% da população não traria déficit fiscal, diz Lula

O presidente também defendeu que classe média volte a frequentar as escolas públicas e questionou prefeitos sobre qualidade da educação

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre investimento em educação, nesta segunda-feira (10/2), e atribuiu gastos públicos à inclusão social. Ele ainda rebateu críticas sobre entregas na área e defendeu qualidade nas escolas públicas. A fala ocorreu durante a cerimônia de premiação do Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização, em Brasília.

“Era uma vergonha ter meio milhão de crianças que desistiam da escola para ajudar o pai e a mãe a colocar o feijão na mesa. Muitos governantes achavam isso natural. Porque esse país teve governante que achavam que o país deveria ser governado apenas para 35% da população”, iniciou o presidente, comentando sobre dados da evasão escolar no Brasil.

“Para governar para 35% da população não teríamos problema de orçamento, de déficit fiscal, porque ia sobrar dinheiro. Íamos governar para menos gente, com mais riqueza. Na hora que assumimos o compromisso de colocar todo mundo na mesa para comer, para tomar café, jantar, e resolve colocar toda criança, independe da origem, cor, da religião e time que torce, todos têm direito de ter uma educação plena como todas pessoas desse país”, acrescentou.

Lula, então, afirmou ter “orgulho” de ser “o presidente da República que mais investiu em universidade nesse país, em institutos federais”, mesmo sem ter um diploma universitário.

“Os adversários gostam e mentir através da internet, eu gosto de dizer com as palavras, olhando nos olhos de vocês. Em 100 anos, a elite brasileira que governou esse país, desde que D. Pedro chegou aqui, só fez 140 escolas técnicas. Nós, em menos de 15 anos, vamos entregar 782 institutos federais para qualificar o Brasil na sua disputa no mercado internacional”, celebrou o presidente.

Crítica a prefeitos

Lula também chamou atenção dos prefeitos e prefeitas que estavam presentes no evento sobre a alfabetização de crianças até o 2º ano. Cerca de 4,1 municípios brasileiros receberam o Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização por iniciativas realizadas, no último ano, em benefício desse fim.

“A gente quer que cada prefeito assuma a responsabilidade de fazer melhor do que pode fazer. A mesma educação que ele dá para o filho dele, e muitas vezes o filho dele não estuda na escola pública do seu município, estuda numa escola particular. Muitas vezes é assim. Você chega em uma cidade e pergunta, 'prefeito, como é que está a educação?' 'Está maravilhosa. A educação aqui é fantástica'. Aí você pergunta, 'seu filho estuda na escola fantástica?' 'Não'. O filho dele está em uma (escola) particular. Então, esse país não vai estar certo nunca”, concluiu.

Lula, então, acrescentou: “esse país só vai dar certo quando a classe média voltar para a escola pública. E só vai voltar quando ela (a escola) melhorar”. O presidente disse que isso já ocorreu e citou o pensador Paulo Freire como um ‘filho de escola pública”.

“Do tempo que quem podia ir na escola eram poucos. Aí você pode dar qualquer coisa de qualidade quando uma pequena minoria pode estudar. Mas, quando é todo mundo, é preciso um pouco mais de recurso, de dinheiro”, finalizou o presidente, apontando, novamente, para a questão de recursos e inclusão social.

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Mayara Souto
postado em 10/02/2025 20:32
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