
A Terra está ficando cada vez mais quente. Os números não mentem. Desde a Revolução Industrial, a temperatura média da Terra subiu cerca de 1,1°C. Em 2024, registramos o ano mais quente já documentado, com temperaturas 1,46°C acima dos níveis pré-industriais. Esse aquecimento é resultado direto da concentração de gases de efeito estufa. Esses gases ficam na atmosfera do planeta e ajudam a mantê-lo aquecido, como uma coberta que segura o calor. Isso é importante para a vida na Terra, mas quando há muitos desses gases, o planeta esquenta demais.
A concentração de dióxido de carbono (CO²) na atmosfera atingiu 414 partes por milhão (ppm), a maior já registrada. O dióxido de carbono (CO²) é produzido pela queima de carvão, petróleo e gás em fábricas, carros e na produção de energia e pelo desmatamento. É o gás de efeito estufa mais comum e contribui significativamente para o aquecimento global. Há outros gases. Muito mais potente para reter o calor, o metano é produzido pelo gado, o cultivo de arroz, aterros sanitários e extração de petróleo e gás. O óxido nitroso (N²O) é resultado do uso de fertilizantes e queima de combustíveis e certos processos industriais.
Quando se fala em transição energética e combate ao desmatamento, estamos tratando da redução da produção desses gases, cujo aumento é responsável por gravíssimos problemas. É o caso, por exemplo, do derretimento das calotas polares e geleiras, que eleva e aquece o nível do mar, com sérias consequências para a vida marinha e para a segurança das cidades costeiras e ilhas oceânicas. Muitas espécies correm risco de extinção devido à destruição de seus habitats naturais.
Os cientistas advertem que a emissão de fases de efeito estufa no ritmo atual fará com que a temperatura na terra aumente 2ºC até 2045, ultrapassando as metas do Acordo de Paris. Para se ter uma ideia, um aumento adicional de 0,5ºC na atual temperatura global média pode triplicar as áreas já existentes inadequadas para a habitação humana por causa do calor.
Para enfrentar o problema, entretanto, é preciso combater o negacionismo. Alguns argumentam que o clima muda naturalmente e que não precisamos nos preocupar; outros dizem que as mudanças não são tão graves quanto os cientistas afirmam. O negacionismo ganhou força novamente, com a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris outra vez. Negam a existência do problema porque a transição energética pode afetar indústrias que trazem muito dinheiro, como petróleo e carvão. Grandes empresas que dependem de combustíveis fósseis tentam minimizar a preocupação com o clima para não prejudicar seus lucros.
Em novembro, sediaremos a próxima Conferência Global do Clima, a COP30, que se realizará em Belém. O Brasil tem um papel estratégico no combate ao aquecimento global e condições excepcionais para a transição energética, com utilização de fontes de energia limpa, como hidrelétricas, usinas solares e eólicas. Devemos ser um exemplo de combate ao aquecimento global. A transição para fontes de energia renovável, proteção das florestas e promoção de práticas sustentáveis em todos os setores da sociedade tornou-se uma questão existencial para a vida no planeta.