oriente médio

Contra-ataque israelense no Iêmen intensifica conflitos com rebeldes pró-Irã

Nesse sábado (20/7), Israel bombardeou Hodeida, cidade portuária do Iêmen controlada pelos rebeldes houthis, um dia após ataque do grupo militante com drones ao centro de Tel Aviv

Imagens aéreas mostram incêndio no porto de Hodeida, no Iêmen -  (crédito: Ansarullah Media Centre / Al-Masirah TV / AFP)
Imagens aéreas mostram incêndio no porto de Hodeida, no Iêmen - (crédito: Ansarullah Media Centre / Al-Masirah TV / AFP)

Uma série de explosões foram ouvidas neste sábado na cidade portuária de Hodeida, no Mar Vermelho, no Iêmen. O exército israelense lançou um ataque aéreo direto contra os rebeldes separatistas houthis, um dia após bombardeios do grupo militante com drones no centro de Tel Aviv — deixando um morto e pelo menos 10 feridos.

"A entidade sionista pagará pelos ataques a instalações civis e responderemos à escalada com escalada", publicou nas redes sociais Mohamed al Bukhaiti, que integra o movimento rebelde apoiado pelo Irã. 

O ataque, confirmado pelas Forças Armadas israelenses, teve como alvo instalações de armazenamento de petróleo e uma usina de energia, que causou um incêndio de grandes proporções. A imprensa iemenita citou autoridades de saúde dizendo que os ataques aéreos resultaram em vítimas. Estima-se, até o momento, que 80 pessoas estejam feridas.

"As equipes de defesa civil e os bombeiros tentam apagar o fogo que queima nos depósitos de petróleo do porto", relatou um homem em entrevista à TV Al Masirah. "A cidade está às escuras, as pessoas estão nas ruas e se formaram filas em postos de gasolina, que fecharam", disse um morador de Hodeida à emissora.

"Nova e perigosa fase"

Os rebeldes houthis governam parte do Iêmen e são aliados do Hamas — em guerra com Israel na Faixa de Gaza desde 7 de outubro. Aliado aos iemenitas, o movimento islamista libanês Hezbollah afirmou que os ataques israelenses de ontem contra os houthis representam uma guinada perigosa após mais de nove meses de guerra na Faixa de Gaza. "O passo insensato dado pelo inimigo sionista anuncia uma nova e perigosa fase de um enfrentamento muito importante em toda a região", disse o grupo, em comunicado.

Para a especialista e pesquisadora Karime Cheaito, doutoranda em relações internacionais pelo San Tiago Dantas, o genocídio em Gaza e a resposta dos membros do chamado "eixo da resistência", especialmente o Hezbollah e os houthis, "evidenciam que esses atores não-estatais possuem um poderio bélico que não pode ser menosprezado."

Doutoranda em relações internacionais e pesquisadora de conflitos internacionais pela PUCSP
Karime Cheaito, doutoranda em relações internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUCSP) e pesquisadora no Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI-PUCSP) (foto: Arquivo pessoal)

"Esta é a primeira vez que os houthis atacam diretamente Israel e não qualquer lugar: a capital, Tel Aviv. Utilizar drones é uma forma de mostrar isso para Israel e gerar dissuasão. Em outras palavras, evidenciar para Israel que, caso a guerra se torne regional, esses grupos armados possuem armamentos que podem chegar em Tel Aviv e que não foram receptados pela tecnologia mais avançada que Israel possui", explica Cheaito. 

Sobre os desdobramentos, ela afirma que ainda é difícil prever se haverá uma escalada regional da guerra ou não. "Entretanto, fato é que o ataque de Israel ao porto iemenita não irá fazer com que os houthis recuem, porque esse não é o modus operandi desta organização, assim como não é o do Hezbollah. Esse ataque não irá mudar o curso de ação de um ator que está motivado a apoiar o povo de Gaza, como enunciado desde o início de outubro."

"Nossa posição para o apoio e vitória do povo palestino deriva de nossos princípios, crenças e religião. Não vacilaremos ou recuaremos. Continuaremos esse apoio, se Deus quiser, e haverá ataques mais significativos ao nosso inimigo", disse o conselho em uma declaração.

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postado em 21/07/2024 06:01
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