
Em entrevista ao Flow Podcast nesta sexta-feira (7/3), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tocou em diversos pontos relacionados à pasta que comanda no governo federal, como o preço do café, o PIB e a dificuldade de se reduzir gastos no âmbito político. De acordo com Haddad, é mais complicado tratar de temas econômicos específicos de forma prática do que teórica: “É uma conversa que gera muito calor, mas não gera resultado para a sociedade”.
Um exemplo disso são setores — como donos de grandes fortunas — que defendem cortes de gastos, mas reclamam quando, a fim de equilibrar contas públicas, são afetados com a suspensão dos próprios benefícios fiscais, como não pagamento de impostos. O ministro defendeu, mais uma vez, a taxação dessas grandes fortunas.
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Ele disse, também, que o governo tenta superar período “desarrumado” do Brasil, tanto em termos econômicos quanto políticos, que teria durado de 2013 a 2022. “O papel da área econômica é ficar alertando o governo, ela é o grilo falante do governo: troca isso aqui, mexe isso aqui, corrige isso aqui”, esclareceu.
PIB
Sobre o crescimento de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta, Haddad disse que o número “está legal”, mas que acredita que vai “continuar crescendo, com um pouquinho mais de moderação”. Ele também falou sobre a taxa de desemprego, 6%, que é a menor da história.
“Então, o PIB está legal, o desemprego está na mínima histórica, temos que cuidar da inflação”, afirmou. “É tudo uma engenharia em que você vai calibrando as variáveis.”
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Inflação
No que diz respeito à inflação e ao aumento de preços de alimentos como o café, o ministro falou sobre “combinar oferta e demanda”. Ele diz que a demanda pelo grão aumentou no mundo inteiro e é preciso calibrar variáveis até as “coisas se acomodarem da maneira adequada” — no sentido do tempo que levaria para a cultura mundial do café atender, a um preço razoável, a demanda maior.
“Então a gente tem que estar dando uma moderada para a oferta de produtos acompanhar a demanda, que cresceu muito”, explica. “A renda das famílias cresceu, elas estão comprando mais, e, se a oferta não acompanha o crescimento da demanda, você tem um ajuste no preço, que é o que está acontecendo em alguns produtos agora.”
PIX
Haddad também falou sobre a fake news apontando uma taxa para o PIX: “Era o ministro da Economia do governo Bolsonaro que defendeu publicamente (a taxação)”. Haddad deixou claro que “o atual governo nunca cogitou” taxar o PIX. “Tudo o que eu cogito fazer, eu anuncio antes.”
O ministro da Fazenda também mencionou a dificuldade de combater fake news que envolvem o governo e ele próprio — devido ao fato de elas virem de “exército pago” com “muita grana envolvida para macular a reputação de uma pessoa”.
“Eu sou professor universitário, casado com uma professora universitária, um cara de classe média, estou servindo o país”, disse. “A hora que acabar a minha gestão, eu volto para a sala de aula, como voltei quando eu deixei de ser prefeito. Meu patrimônio é o mesmo de 30 anos atrás, não tem nada mais, nem menos.”
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