
O oceano tem, como aliadas, pessoas que usam o mar e a areia como arena para a prática de esportes. Uma pesquisa inédita da Fundação Grupo Boticário em cooperação com a Unesco e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que 91% dos atletas estão dispostos a agir pela conservação dos mares. Por outro lado, 60% reclamam dos resíduos sólidos encontrados no meio ambiente e, para 34%, a poluição e a contaminação do mar prejudicam suas atividades.
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O estudo Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar entrevistou 763 esportistas de sete cidades litorâneas: Salvador (BA), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), São Luís (MA), Santos (SP) e Belém (PA). Entre outros dados, o levantamento mostrou que 63,8% dos entrevistados acreditam que o mar e a areia têm influência positiva na escolha do esporte que pratica. Vinte e sete por cento destacou que o contato com a natureza é o principal motivo para se exercitar em regiões costeiras.
“Os atletas podem ser um grande agente de mudança e de engajamento em prol do oceano”, disse ao Correio Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Ela conta que, um estudo de 2022 mostrou que, na população em geral, 81% dos brasileiros estão dispostos a agir pela conservação oceânica. “A proximidade com o mar, com o oceano, por meio do esporte, ajuda muito a aumentar essa conexão dos esportistas com o oceano, aumenta a empatia com a causa. Uma vida saudável para o ser humano só é possível por meio de um oceano saudável”, diz.
Disposição
Ao serem questionados sobre a disposição em agir a favor da conservação marinha, 91% dos esportistas mostraram-se dispostos: 44% como agentes de mudança, dedicando-se a ações práticas de conservação, e 47% como agentes de divulgação. “É muito importante o atleta demonstrar como o esporte só vai ser possível com o oceano saudável, levar cada vez mais informações, curiosidades e ajudar as pessoas a compreenderem a sua conexão com o oceano. Todas estão conectadas, de alguma forma; elas só precisam entender como se dá essa conexão. Para muitas pessoas, será por meio do esporte”, acredita Janaína Bumbeer.
A pesquisa também explorou a qualidade do ambiente e o impacto de eventos climáticos na prática esportiva. Para os entrevistados, suas atividades à beira-mar ou na água são comprometidas regularmente por chuvas e tempestades (85%), seguido por resíduos sólidos (60%), temperaturas extremas (58%), contaminação da água do mar (34%) e erosão costeira (30%).
Em relação aos impactos que os esportes têm sobre o ambiente marinho, 86% dos entrevistados acreditam que as práticas não oferecem impactos negativos ao oceano, enquanto 13% dizem trazer algum impacto e 1% não sabe responder. Entre os impactos que a prática esportiva pode trazer ao ecossistema marinho estão a perturbação de espécies, pisoteamento de solo, poluição, descarte inadequado de resíduos, entre outros.
Para Janaína Bumbeer, a realização da Conferência do Clima no Brasil (COP30), em novembro, poderá ser um incentivo à discussão sobre a conservação do oceano. “O Brasil, além de ser um país das florestas, também é um país da praia, do mar e do oceano. Temos milhares de quilômetros de costas e uma diversidade incrível”, reconhece. “Na COP, a discussão maior é sobre a área continental, sobre os ecossistemas e ambientes terrestres, mas também se tem falado muito sobre a importância de trazer mais foco e visibilidade para a questão do oceano e as mudanças climáticas.”
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