
São Tomás de Aquino é conhecido pelos ensinamentos religiosos com fundamentos científicos, que se tornaram uma das bases da fé cristã. O rosto do religioso foi apresentado ao público pela primeira vez, mais de 750 anos depois da morte dele, graças ao trabalho do designer brasileiro Cicero Moraes.
A equipe multidisciplinar que Cicero integra trabalhou no crânio reconstruído de Aquino e teve ajuda de inteligência artificial (IA) para chegar às feições finais. “O uso da IA é bem sutil e bastante controlado. Ela ajudou a melhorar os detalhes finos da face, sem alterar a estrutura original”, revela, em entrevista ao Correio.
A aproximação facial em conjunto com abordagens desenvolvidas pela equipe resultou no que Cicero define como o “cruzamento de vários estudos e projeções, da forma mais coerente possível com o que seria o rosto em vida.”
Embora os dados disponíveis para a reconstrução não contemplavam os dentes e a mandíbula do santo, Cicero narra que ultrapassou o desafio ao utilizar projeções baseadas em menstruações efetuadas em centenas de tomografias computadorizadas, que proporcionaram uma boa ideia de como seriam as regiões faltantes do crânio.
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Doadores vivos contribuíram com o trabalho ao fornecer dados coletados para traçar a espessura provável do tecido mole em diferentes pontos do crânio e projetar estruturas faciais. A deformação anatômica, na qual o rosto e o crânio de um doador é virtualmente ajustado para corresponder às dimensões desejadas, também foi utilizada.
José Luís Lira, especialista em odontologia forense da equipe, comenta sobre a participação no trabalho. “Ficamos felizes pelas incontáveis pessoas que admiram o santo ou seus escritos que agora recebem desde ramo da ciência a sua imagem. Como especialista na vida dos santos, é uma honra enorme poder participar deste projeto.”
São Tomás de Aquino, falecido em 7 de março de 1274, moldou a doutrina católica ao defender a fé com base na razão e na ciência, oferecendo cinco provas lógicas para a existência de Deus. Ele atuou na filosofia secular ao vincular a moralidade à natureza humana, e influenciou as ideias modernas sobre a liberdade humana e os limites da autoridade governamental, sendo considerado "o pensador mais influente do período medieval" pelo The Cambridge Dictionary of Philosophy.