
A recuperação de Oscelina Moura de Oliveira, de 45 anos, segue progredindo, mas ainda exige atenção e cuidados especiais. Pouco mais de dois meses após receber alta do Hospital de Base, onde ficou internada depois de ser baleada pelo delegado Mikhail Rocha Menezes, ela consegue andar, ainda que lentamente, e tem retomado pequenas atividades do dia a dia. No entanto, ela enfrenta desafios físicos e psicológicos, incluindo o uso contínuo de uma bolsa de colostomia e o trauma emocional profundo.
Segundo o marido, Davi Roque Ribeiro, 52, a evolução de Oscelina tem sido lenta, mas positiva. “Ela já anda, devagar, mas anda. Está começando a fazer as coisinhas leves que gosta no dia a dia, mas ainda com muita atenção, muito cuidado. O trauma psicológico é muito grande. O sotaque da voz dela ainda não voltou ao normal, está bem diferente, mas pelo menos podemos ouvir a sua voz. Ela ainda tem muito medo de tudo que aconteceu”, disse com exclusividade ao Correio.
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Além das dificuldades com a saúde, eles também enfrentam obstáculos financeiros. Sem condições de trabalhar, Oscelina não tem recebido nenhum tipo de auxílio da família para a qual trabalhava. “Os únicos recursos que recebemos até hoje foram de amigos que fizeram vaquinha para nos ajudar. Mas, da parte da família, não temos apoio financeiro. Estamos tentando recorrer ao governo, porque a situação dela não permite voltar ao trabalho como antes”, explicou Davi.
Apesar da recuperação, a expectativa dele é que o processo ainda leve tempo. “Não é algo que se resolve em um ou dois meses. São dias e mais dias de fisioterapia, de acompanhamento. Mas o que nos dá esperança é que, apesar de tudo, a mente dela está ótima. Ela lembra de tudo, reconhece todo mundo, só o sotaque da voz que ainda está diferente”, disse o marido.
Quanto à possibilidade de Oscelina retomar a vida profissional, Davi é enfático. “Ela não tem a menor possibilidade de voltar a trabalhar. Nem fisicamente, nem psicologicamente. E muito menos na casa daquele cara. Jamais. Nunca mais vou permitir que minha esposa trabalhe em um ambiente onde aconteceu essa tragédia", ressaltou.
Relembre o caso
Oscelina Moura de Oliveira foi baleada pelo delegado Mikhail Rocha Menezes em 16 de janeiro deste ano. Na ocasião, o homem também atirou contra a própria esposa, Andréa Rodrigues Machado, e contra a enfermeira Priscilla Pessoa. Oscelina foi atingida no abdômen e perdeu um rim. Após passar por três cirurgias, recebeu alta do Hospital de Base no dia 25 de fevereiro.